Outro dia, enquanto preparava os crepes de sarraceno que minha filhota tanto ama, eu divagava pensando nas duas coisas que mais gosto de fazer na vida: cozinhar e escrever. Não sei ao certo a ordem de preferência, mas isso não importa. O importante é saber que essas duas coisas eu faço com o coração. De verdade!
Quando eu preparo um prato, não me contento que ele seja apenas digesto, não mesmo! Tenho a ambição de seduzir pela forma, textura, aroma, gosto…cada sentido faz parte da minha estratégia.
Cada palavra de um texto e cada ingrediente de uma receita devem ser minuciosamente estudados de modo a torná-los susceptíveis de provocar uma experiência única, orgásmica. Um toque de canela para o erotismo, folhinhas de manjericão para a alegria e limão para o humor…e se tiver que chacoalhar um pouco as mentes inquietas, apuro com pimenta do reino.
Sopa de letras ou spaghetti al pesto, para cativar leitor e comensal, é preciso conhecimento, uma pitada de criatividade, 3 medidas de curiosidade e sensibilidade a gosto. Porém, estou convencida que sem amor só conseguimos preparar pratos e textos apenas digestos.
Como disse Mia Couto, escritor moçambicano, “cozinhar é uma maneira de amar os demais”. E sua prosa deliciosa me fazia entender que escrever também…
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